Texto e fotos de Berg Silva
- E o clima do Carnaval?
- Tá meio fraco ainda. Já era pra estar fervendo.
O diálogo foi entreouvido no balcão da Bodega do Véio, ponto de encontro de intelectuais, moradores e turistas na Rua do Amparo no Centro Histórico de Olinda. É novembro e discute-se ali e na calçada do Bar do Peneira, outro ponto de encontro de artistas e descolados do local, como será este Carnaval.
É nesta região que os blocos, grêmios e associações carnavalescas se encontram na folia e as disputas entre eles produzem histórias que atravessam gerações.
Dali é possível escutar o toque dos metais da Orquestra do Grêmio Musical Henrique Dias onde locais e turistas se acotovelam nas janelas do prédio histórico e se perguntam: Como será este Carnaval com a Cidade administrada por um Prefeito Evangélico pela primeira vez em sua história?
Mais à frente, no Largo do Amparo, um Caboclo de lança sai do boteco onde fora aplacar sua sede ansiosa de folia. Em frente à Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, a Companhia Frevança de Danças ensaia os passos que levarão para a rua durante o desfile do Clube Cariri Olindense, o Bloco que abre oficialmente o Carnaval da Cidade.
Mais embaixo, Julião, o mestre das máscaras, prepara as "la ursas" que encherão de alegria o povo simples do lugar, formando alas do bicho maluco beleza, máscara consagrada pela música de Alceu Valença.
No Alto da Sé, bonecos gigantes ocupam calçadas e turistas desfilam sombrinhas estilizadas para a dança. Na Praça do Carmo, agentes da cultura local se organizam para impedir a instalação do gigantesco camarote da cervejaria que patrocina o carnaval. Segundo eles, esta é uma novidade que fere a tradição do carnaval popular dos caboclinhos e maracatus, dando um tom elitista a uma festa cuja alegria maior é fazer o povo dançar na rua.
Em Olinda o Natal ainda não chegou, mas o Carnaval já começou!
Agradecimentos: Sonia Souza e Eugênia Lima.
Credits:
Fotos de Berg Silva