Vila Viçosa é, no Alentejo, a possibilidade de um mergulho na história, na cultura renascentista e nessa devoção a Nossa Senhora, que Portugal nutre desde que é nação. O 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, é ocasião para o Santuário reforçar ainda mais essa identidade religiosa dos habitantes da vila e dos que ali acorrem.
O Cónego Francisco Couto, reitor do Santuário de Vila Viçosa, lembra que celebrar Maria é lembrar "aquela que é porta de Jesus para o mundo".
O Advento, tempo litúrgico em que ocorre a festa da Padroeira, remete para "o sim de Maria e o cuidado que colocou no encontro, na escuta e no silêncio com Deus". É pedagogia para que nós "saibamos dizer também sim a Jesus que vai nascer" assinala este sacerdote.
Vila Viçosa, Vila Ducal, é sede da Casa de Bragança cuja ascensão ao trono de Portugal em 1640, a veio a tornar residência permanente da família real. Ganha assim uma centralidade crescente na vida do reino e assiste a uma importante dinamização cultural e do património edificado.
Inácio Esperança é o presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa desde 2021 e está apostado na candidatura da vila a Património Mundial da Humanidade.
Vila Viçosa apresenta-se à UNESCO, entidade certificadora, como um núcleo arquitetónico e humano onde a história a religião e a cultura, se conjugam numa unidade que faz desta terra um lugar cheio de potencial para os visitantes.
Catarina Henriqueta de Bragança, filha de D. João IV, nasceu em Vila Viçosa em 1638.
Viria a casar com o rei de Inglaterra Carlos II e foi Rainha Consorte de Inglaterra, Escócia e Irlanda.
A embaixada Tensho, da qual se cumprem 450 anos, que trouxe os meninos japoneses que vieram à Europa acompanhados pelos jesuítas para conhecer o Papa.
Antes de se encontrarem em Roma com Gregório XIII, estiveram alguns dias em Vila Viçosa.
Mas dia 8 de dezembro e Vila Viçosa, não se esgotam na Senhora da Conceição. Nesse dia, em 1864, nasceu na vila, Florbela Espanca. A poetisa é uma das figuras grandes da nossa literatura e desta terra alentejana.
Florbela d'Alma da Conceição Espanca, conta também com o nome Conceição que os calipolenses gostam de ostentar em homenagem à Senhora do Santuário.
Morreu em 1930, também no dia 8 de dezembro.
Figuras históricas de Vila Viçosa que apaixonam a criatividade de Cristina Claro, a ceramista que gosta de trabalhar com a cor e o brilho.
O aproximar do dia 8 de dezembro leva esta artesã a moldar mais imagens da padroeira de Portugal. Confessa que gosta mais de as trabalhar pela noite por Nossa Senhora lhe transmitir paz e serenidade.
As cores vão variando mas todos os anos gosta de introduzir uma novidade nas suas peças.
Mas para o seu trabalho elege também outra figura importante desta vila.
Florbela Espanca ganha este "rosto" na interpretação de Cristina Claro que a considera "uma mulher incrível".
De resto a sua criatividade vai para a natureza que gosta de representar com cores fortes e com o brilho do vidrado.
A proximidade de Vila Viçosa ao seu Santuário e a devoção mariana ganham por aqui uma evidência que surge explícita na frontaria das casas. É uma matriz identitária na Imaculada Conceição.
O manto da Imaculada Conceição é também ele sinal desse azul de céu com a marca de uma nação que desde o primeiro momento se confiou a Maria.
Esta terra que vive do mármore, vai ao interior da terra em busca da pedra branca para à superfície a transformar em palácios e santuários.
O Santuário Nacional da Padroeira de Portugal, é um lugar de celebração da fé em Maria às portas do Natal.
Uma Vila que é Viçosa e que se abre ao mundo com uma candidatura a Património Mundial para mostrar que o passado e o futuro se ligam por aqui na devoção a Maria.