D'Baixo da Ponte as manifestações culturais embaixo da ponte construtor joão alves

A arte de rua é um movimento artístico cultural que funde a arte, o cotidiano social e a paisagem urbana. Tem como pilar a liberdade artística pois não precisa de tempo, espaço ou reconhecimento para acontecer e surge com a necessidade de dar voz à parcela reprimida e menos favorecida da cidade por meio de uma linguagem poética, efêmera, subversiva e democrática.

Assim, locais antes impensados em serem utilizados para a arte se tornam grandes galerias e centros de diversas manifestações culturais.

Esse é o caso da Ponte Construtor João Alves (especificamente embaixo dela) no Bairro Industrial, em Aracaju, capital de Sergipe. A ponte que liga Aracaju ao município Barra dos Coqueiros foi inaugurada em 24 de setembro de 2006 com o objetivo de criar uma via de ligação rodoviária entre Aracaju e o porto do Estado de Sergipe.

Grupos de jogadores de basquete se reúnem aos sábados para jogar.

Em 2016, porém, o espaço ganhou uma nova função quando inaugurado o Complexo Esportivo Josefa Silva Santos ou “Dona Finha”. O projeto nasceu com a proposta de difundir a prática esportiva nas comunidades periféricas do estado de Sergipe e desde então o local vem sendo transformado em um centro de arte urbana, sediando variadas práticas esportivas, como o basquete.

Além do basquete, a dança também é um esporte recorrente no local. O grupo de break dance "Embrazados Crew" surgiu durante a pandemia de 2020 com apresentações inicialmente na sede Associação de Moradores do conjunto Eduardo Gomes, São Cristóvão, porém a fim de ganhar uma maior visibilidade, se transferiram para a ponte.

O grupo funciona como uma forma de fomento a cultura em Aracaju com projetos, campeonatos, showcases e workshops.

Grupo de dança Embrazados Crew
Vejo que a arte de rua ainda precisa expandir essa dança (break) de uma forma que atraia a juventude.

Augusto, integrante do grupo.

Apesar de enfrentar dificuldades em relação a apoio e patrocínio por parte do Estado, os dançarinos deixam claro que isso não os impede de fazer o que ama.

Gostamos da arte e tentamos fazer a diferença dentro do Estado, com ou sem apoio.

O grafite também tem seu espaço embaixo da ponte Construtor João Alves. Sendo um dos principais tipos de manifestação de arte urbana, os desenhos coloridos dão vida aos muros do local que, além da estética, funciona como forma de crítica social e é uma maneira de intervenção direta na cidade, democratizando assim, os espaços públicos.

Arte assinada pelo grafiteiro aracajuano Kobe.

Inclusive, o local embaixo da ponte do Bairro Industrial sediou o Festival Colora, em 2021. O evento contou com a participação de dez artistas de Sergipe e dos estados vizinhos, os quais fizeram intervenções em grafite nas pilastras da ponte, com temas que foram da valorização de personalidades locais até a tolerância religiosa e o combate à violência contra as mulheres.

Exemplo de arte como forma de denúncia e crítica social.

Fotorreportagem produzida por alunos do 2º período de Jornalismo, na disciplina Fotojornalismo da Universidade Federal de Sergipe.