EDITORIAL
O risco de alta da inflação e a importância dos contratos bem ancorados e protegidos.
O mercado de serviços em altura vive um paradoxo inquietante. Enquanto a demanda por soluções técnicas em locais de difícil acesso cresce de forma consistente — impulsionada pela verticalização das cidades, pelas exigências de manutenção predial, industrial e por normas de segurança mais rigorosas —, a base econômica que sustenta essas operações dá sinais de instabilidade.
Inflação que ameaça, variação cambial, aumento dos custos operacionais e fornecimento de equipamentos especializados formam um cenário desafiador. Empresas que atuam em altura estão sendo obrigadas a pisar firme no chão da realidade financeira. Margens antes consideradas seguras tornaram-se apertadas. Contratos assinados com boas intenções agora exigem revisões complexas. E o risco — sempre presente na atividade — se multiplicou, agora também nos números.
Essa edição da AlpiLink mergulha nesse cenário com a profundidade que o tema exige. Reunimos análises técnicas, experiências de mercado e reflexões estratégicas sobre como estruturar contratos resilientes em tempos de incerteza. Porque subir com segurança não depende apenas da ancoragem física, mas também da estabilidade dos acordos que sustentam cada operação.
Temos uma desafiadora jornada pela frente e a conduta da Alpcon sempre nos inspira a caminhar com positividade, criatividade, empenho e muito trabalho.
Um convite ao mercado: vamos para cima com energia, comprometimento e inteligência. Nossa indústria é pujante e atenta a quem se diferencia no dia a dia.
Boa leitura!
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Os impactos da inflação.
A elaboração de uma proposta técnica e comercial para serviços em altura exige mais do que experiência e precisão: exige previsibilidade. E previsibilidade, em tempos de inflação volátil, tornou-se um recurso escasso.
Em um cenário de alta de preços fora do padrão, o que antes era uma estimativa criteriosa pode implodir o seu planejamento financeiro. Custos diretos e indiretos — como equipamentos, insumos, transporte e mão de obra — passam a sofrer variações constantes e, muitas vezes, imprevisíveis. O resultado? Margens de lucro pressionadas e, em alguns casos, risco real para a continuidade do serviço.
Equipamentos e insumos.
Os serviços de alpinismo industrial dependem de uma gama de equipamentos técnicos que precisam atender a normas rigorosas de segurança e qualidade. EPIs (equipamentos de proteção individual), cordas, conectores, freios, blocantes, ancoragens e outros dispositivos fundamentais para a operação são frequentemente importados ou produzidos com insumos atrelados ao dólar.
A variação cambial, portanto, exerce influência direta sobre os custos desses itens. Em períodos de desvalorização da moeda nacional, um único reajuste pode desconfigurar o orçamento planejado, especialmente em contratos de longo prazo com preços previamente fixados. Para empresas que operam com margens enxutas, esse impacto é crítico, exigindo mecanismos de atualização de valores ou cláusulas contratuais específicas que permitam revisões periódicas.
Além disso, o descompasso entre o momento da compra e a execução do serviço — especialmente em licitações públicas ou grandes contratos com trâmites burocráticos — pode fazer com que valores orçados inicialmente se tornem defasados rapidamente.
Mão de obra.
Outro componente essencial dos contratos é a mão de obra especializada. Os profissionais de acesso por corda, supervisores, técnicos de segurança e resgate são o ativo mais valioso da operação, e sua remuneração representa parcela significativa da composição de preços.
No entanto, os salários não seguem uma lógica estática. Pelo contrário: são influenciados por negociações coletivas (dissídios), pisos regionais, aumento do custo de vida e, por vezes, por alterações na legislação trabalhista. Isso exige das empresas atenção constante aos acordos sindicais, bem como reservas orçamentárias que permitam acomodar esses reajustes sem comprometer a execução contratual.
A imprevisibilidade nos encargos sociais e trabalhistas também pesa. Mudanças em alíquotas de INSS, FGTS, ou mesmo a criação de novos encargos ou obrigações legais podem impactar significativamente o custo final de um contrato. Em um ambiente inflacionário, essas alterações se tornam ainda mais sensíveis, pois se somam a outros fatores de aumento de custo.
Estamos diante de um novo paradigma. A empresa que não documentar bem seus processos de capacitação se expõe não apenas a sanções administrativas, mas também a ações trabalhistas e cíveis.
Riscos adicionais.
Em serviços que envolvem deslocamentos frequentes, como os realizados em plataformas offshore, parques eólicos, refinarias ou estruturas verticais em centros urbanos, o custo logístico é outro elemento suscetível à inflação. Combustível, passagens aéreas, hospedagens e alimentação variam de acordo com índices regionais e com a flutuação de preços que afetam diretamente os contratos.
Sem uma boa previsão de reajustes — ou sem cláusulas que permitam a repactuação dos valores —, o prestador de serviço pode acabar financiando custos adicionais que não estavam previstos inicialmente. Isso compromete o caixa da empresa, a segurança das operações e, em última instância, a sustentabilidade do negócio.
Cláusulas de reajuste.
Para enfrentar o impacto da inflação e manter o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de serviços em altura, muitas empresas recorrem a cláusulas de reajuste. O mecanismo mais comum é a vinculação a índices oficiais, como o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ou o INCC (Índice Nacional da Construção Civil), aplicados anualmente ou em intervalos predefinidos. Na teoria, trata-se de uma ferramenta de blindagem — mas, na prática, pode funcionar tanto como escudo quanto como brecha.
Índices genéricos, realidades específicas.
O principal problema das cláusulas de reajuste atreladas a índices convencionais é que esses indicadores foram criados para refletir médias de variações em setores amplos da economia, e não necessariamente os custos específicos dos serviços verticais ou do alpinismo industrial.
Por exemplo, o IPCA mede a inflação com base em uma cesta de consumo das famílias. Embora seja um índice amplamente utilizado, ele pouco representa a variação nos preços de equipamentos técnicos, nos custos logísticos, nas importações ou nos reajustes salariais de profissionais especializados em altura.
Já o INCC, por ser focado na construção civil, se aproxima um pouco mais do setor. No entanto, ainda assim, pode gerar distorções, principalmente em contratos cujo foco principal está na prestação de serviços e não na incorporação de materiais ou grandes obras civis.
O resultado é que, ao aplicar reajustes com base em índices que não dialogam diretamente com a natureza dos custos envolvidos, empresas podem acabar recebendo valores reajustados aquém da inflação real enfrentada no dia a dia — especialmente nos insumos com maior volatilidade, como EPIs importados ou componentes técnicos específicos.
Previsão contratual e periodicidade: onde mora o risco.
Outra armadilha recorrente está na ausência de escalonamentos adequados ou na subestimação da periodicidade necessária para os reajustes. Em um ambiente econômico estável, reajustes anuais são suficientes para manter o equilíbrio. No entanto, em momentos de inflação acelerada ou com picos sazonais — como os observados recentemente em categorias de materiais importados —, essa lógica pode comprometer a rentabilidade do contrato.
Relatos do setor mostram que empresas que mantiveram cláusulas com prazos longos para reajustes — sem previsão de revisões extraordinárias — amargaram prejuízos significativos, especialmente em contratos com margens apertadas. A ausência de gatilhos para renegociação em caso de variações abruptas de custos (como alta do dólar ou dissídios acima da média histórica) transforma o que seria um escudo protetor em uma armadilha contratual.
Blindagem inteligente: alternativas e caminhos.
Frente a essas limitações, cresce o debate sobre a adoção de mecanismos de reajuste mais inteligentes e personalizados. Algumas empresas já começam a adotar cláusulas híbridas, que combinam índices oficiais com parâmetros setoriais, tabelas de custo específicas ou indicadores de insumos críticos.
Outra estratégia é a inclusão de cláusulas de revisão extraordinária, que permitam a renegociação contratual em caso de eventos econômicos fora do previsto — como crises cambiais, alterações legislativas ou pandemias —, criando um ambiente de maior segurança para ambas as partes.
Em contratos com entes públicos, onde há mais rigidez nas regras de reajuste, torna-se ainda mais importante a atuação estratégica na fase de proposta: prever margens de absorção, analisar cenários econômicos, e — sempre que possível — buscar embasamento técnico e histórico que justifique pleitos futuros de reequilíbrio.
Margem de segurança: entre a prudência e a competitividade.
Em um mercado marcado por oscilações econômicas e custos imprevisíveis, a construção de uma margem de segurança financeira é uma prática essencial para a sustentabilidade dos contratos em altura. Essa margem não deve ser vista como um exagero ou desperdício, mas como uma estratégia prudente que equilibra a competitividade com a capacidade de enfrentar imprevistos.
Ter uma margem adequada permite absorver variações repentinas nos preços de materiais, reajustes trabalhistas inesperados e custos logísticos que fogem do planejamento inicial — sem comprometer a qualidade, a segurança ou a rentabilidade do projeto.
Por outro lado, essa reserva financeira deve ser calibrada com cuidado para não tornar a proposta excessivamente onerosa, o que poderia afastar clientes e comprometer a competitividade da empresa no mercado. Assim, o desafio está em encontrar o ponto ideal, onde a margem de segurança seja suficiente para proteger o contrato, mas sem ultrapassar os limites aceitáveis pelo mercado.
DICAS DAS ALTURAS
Estratégias de mitigação.
Da reação à antecipação.
Contratos de longa duração sempre foram bem-vindos no setor de serviços em altura por proporcionarem previsibilidade de receita e fidelização de clientes. No entanto, em um contexto inflacionário instável, esses mesmos contratos podem se tornar armadilhas financeiras disfarçadas de estabilidade. Isso ocorre quando os valores pactuados não acompanham a escalada dos custos operacionais ao longo do tempo.
Firmar um contrato de dois ou três anos com valores fixos pode, num primeiro momento, parecer uma vantagem competitiva — tanto para o cliente quanto para o prestador de serviços. No entanto, essa “estabilidade” se torna frágil diante da inflação acumulada, especialmente quando os preços de insumos, salários e encargos variam acima das expectativas.
Em setores como o de acesso por corda, onde o custo operacional é diretamente impactado por oscilações no câmbio (equipamentos importados), reajustes trabalhistas (categoria profissional especializada) e combustíveis (deslocamentos logísticos), o tempo opera como um fator de risco: quanto maior for a duração do contrato sem mecanismos de correção, maior o descompasso entre o valor contratado e o custo real da execução.
O resultado é um desequilíbrio econômico-financeiro crescente, que pode colocar em risco tanto a qualidade do serviço prestado quanto a saúde financeira da empresa contratada.
Diante do cenário de volatilidade econômica, antecipar os riscos é tão importante quanto os dominar em campo. A imprevisibilidade nos custos de operação — somada à rigidez de muitos contratos — exige uma postura proativa na gestão financeira e contratual.
As empresas que se mantêm competitivas mesmo em períodos turbulentos são aquelas que passaram a adotar estratégias de mitigação robustas, capazes de transformar incertezas em margem de segurança. A seguir, as principais práticas que vêm se consolidando no setor:
Simulações financeiras com diferentes cenários inflacionários.
Mais do que calcular um preço de venda, as empresas preparadas fazem projeções de médio e longo prazo com base em diferentes cenários econômicos — do mais conservador ao mais crítico. Essas simulações consideram:
- Cenários de inflação moderada, alta e extrema;
- Variações cambiais e seus impactos sobre os insumos importados;
- Reajustes salariais com base em históricos sindicais e variações regionais.
Com essas informações, é possível precificar com mais segurança, prever pontos de atenção ao longo do contrato e estruturar mecanismos de proteção. Empresas que praticam esse tipo de modelagem conseguem negociar com mais autoridade cláusulas de reajuste e repactuação, além de defender pleitos de reequilíbrio com maior embasamento técnico.
Criação de margens de segurança para variações inesperadas.
Outro diferencial está na inclusão, dentro da estrutura de custos, de margens técnicas de segurança que não se confundem com lucro, mas que representam uma reserva estratégica para absorver oscilações imprevistas. Essa prática é especialmente importante em contratos de médio e longo prazo, onde o congelamento de valores pode colocar em risco a entrega do serviço.
- Essas margens contemplam, por exemplo:
- Reposições emergenciais de EPIs com preço acima do previsto;
- Aumentos pontuais de encargos trabalhistas;
- Ajustes logísticos não programados.
Empresas que incorporam esse colchão financeiro têm maior resiliência e conseguem manter a qualidade operacional mesmo quando o ambiente econômico se torna adverso.
Gatilhos de renegociação automática.
Uma das estratégias mais eficazes e amadurecidas é a inclusão de gatilhos de renegociação automática, atrelados a variações de índices econômicos previamente definidos.
Esses gatilhos funcionam como cláusulas de segurança jurídica e técnica: ao atingir determinado patamar (por exemplo, 10% de inflação acumulada em um semestre ou variação cambial acima de 15%), eles ativam automaticamente uma rodada de renegociação, sem necessidade de litígio ou de quebra contratual.
Os gatilhos podem ser vinculados a:
- Índices gerais (IPCA, INCC, IGP-M);
- Índices específicos do setor ou insumos estratégicos;
- Parâmetros internos acordados entre as partes.
E se você, por estratégia ou necessidade, decidir não incluir gatilhos automáticos de renegociação, a transparência no relacionamento com o cliente torna-se ainda mais fundamental em todos os momentos de qualquer projeto. Manter um diálogo contínuo e honesto sobre os impactos financeiros acumulados ao longo do tempo fortalece a confiança, facilita ajustes pontuais e reduz a possibilidade de conflitos. Afinal, contratos são mais do que documentos: são pactos de parceria que devem resistir às pressões do tempo — e da inflação.
Além de proteger a empresa, esses dispositivos reforçam a transparência e a confiança na relação contratual, reduzindo riscos de desgaste e favorecendo a continuidade das parcerias.
Prevenção é a nova vantagem competitiva.
A adoção de estratégias de mitigação não é mais um diferencial de mercado — é uma necessidade operacional. Num ambiente em que margens são estreitas e exigências técnicas são elevadas, a capacidade de antecipar cenários e se proteger contra a inflação e seus efeitos colaterais pode representar a diferença entre um contrato rentável e um passivo perigoso.
Empresas que tratam a gestão contratual com o mesmo rigor técnico que aplicam às normas de segurança e procedimentos de campo estão mais preparadas para crescer de forma sustentável, mesmo sob pressão econômica.
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ENTREVISTA
Em um cenário de inflação elevada e oscilações econômicas constantes, elaborar e conduzir projetos de acesso por corda se torna um exercício de precisão e estratégia. Cada escolha — do orçamento à execução — pode impactar diretamente a saúde financeira e a reputação da empresa.
Para entender como as empresas do setor estão enfrentando esse desafio, a AlpiLink conversou com Anderson Mendes, Engenheiro da Alpcon Serviços, que acumula anos de experiência na elaboração de projetos em ambientes desafiadores.
Na entrevista, Anderson compartilha os cuidados na precificação de contratos, fala sobre cláusulas de correção baseadas em indicadores econômicos, analisa os impactos da inflação sobre a escolha de materiais e técnicas, e aponta caminhos possíveis para mitigar riscos sem abrir mão da qualidade.
1. Quais cuidados você toma ao precificar projetos de longa duração em ambientes de alta inflação?
Antes de iniciar qualquer projeto ou trabalho, é fundamental definir claramente a forma de execução. A maneira como as atividades são conduzidas — bem como a seleção dos materiais — influencia diretamente nos custos e na durabilidade da obra.
Um planejamento bem estruturado, aliado à escolha de materiais de qualidade e fornecedores confiáveis, garante maior eficiência e longevidade aos serviços prestados. Quando se conhece a procedência e o desempenho dos insumos utilizados, minimizam-se os riscos de falhas e retrabalhos, o que se traduz em economia e credibilidade ao longo do tempo.
Além disso, a qualificação da equipe técnica é um fator determinante. A combinação entre bom planejamento, fornecedores de confiança e profissionais capacitados forma uma tríade essencial para a entrega de projetos mais duráveis e sustentáveis, mesmo em contextos adversos.
2. Você costuma incluir cláusulas de correção ou revisões técnicas com base em indicadores econômicos?
Negociar reajustes contratuais com o contratante nem sempre é uma tarefa simples. Em geral, os clientes trabalham com um orçamento previamente definido — um budget fixado desde a contratação — e qualquer solicitação de ajuste financeiro, por mais justificada que seja, tende a gerar desconforto ou resistência.
Embora nem sempre configure um conflito direto, essa situação pode provocar desgaste na relação comercial, especialmente quando não há uma comunicação clara desde o início do contrato.
Para minimizar esse tipo de tensão, a principal estratégia adotada é a transparência constante. Desde a fase de proposta, buscamos apresentar com clareza tudo o que será executado, os critérios de composição de preços e os possíveis fatores de variação ao longo do tempo.
Quando ocorre a necessidade de um reajuste, nos comprometemos a explicar detalhadamente os motivos, apresentando os itens que não haviam sido previstos inicialmente ou aqueles cujo custo foi alterado por fatores externos — como aumentos por parte dos fornecedores, variações cambiais ou reajustes de insumos.
O mais importante, nesse processo, é manter uma comunicação cautelosa, precisa e fundamentada. A transparência é a base para preservar a confiança, demonstrar profissionalismo e assegurar que o contratante compreenda que o reajuste não é arbitrário, mas sim fruto de condições técnicas e econômicas concretas.
3. Quais são os maiores impactos da inflação na escolha de materiais e técnicas de execução?
Diante dos impactos da inflação sobre materiais e técnicas de execução, adotamos uma postura preventiva e estratégica. Não buscamos simplesmente o material mais barato — ao contrário, priorizamos sempre a aquisição de materiais de alta qualidade. Essa escolha é feita ainda na fase de orçamento, quando estimamos os custos com base na realidade mais próxima possível do mercado.
Sabemos que há um intervalo entre o envio da proposta e o fechamento efetivo do contrato — muitas vezes, esse prazo pode variar entre um mês e meio e dois meses. Nesse cenário, trabalhar com margens realistas desde o início ajuda a absorver eventuais variações de preço sem comprometer a sustentabilidade financeira do projeto.
Além da qualidade dos insumos, apostamos fortemente na qualificação da equipe. Não adianta fornecer o melhor material ao colaborador se ele não tiver preparo técnico para utilizá-lo corretamente. Profissionais bem treinados e capacitados garantem a aplicação eficiente dos materiais e evitam desperdícios, retrabalho e falhas técnicas.
Essa combinação — insumos de qualidade e mão de obra qualificada — tem se mostrado fundamental para minimizar os impactos da inflação em nossos contratos. Conseguimos, assim, entregar ao cliente um serviço final com alto padrão de excelência, reduzindo o índice de retorno por falhas e os custos operacionais com correções, o que, no fim das contas, preserva tanto a saúde financeira quanto a reputação da empresa.
4. Como a relação com o contratante muda diante de renegociações provocadas por variações econômicas?
Sobre cláusulas de correção e reajuste, adotamos uma postura cautelosa e personalizada. Nem sempre essas cláusulas refletem com precisão a realidade das nossas operações, especialmente em contratos de curta ou média duração. Por isso, preferimos avaliar cada caso individualmente, considerando as particularidades do serviço e do cliente.
Nossa prática habitual é manter um relacionamento próximo com os fornecedores, solicitando constantemente atualizações de preços — sobretudo no que se refere a materiais e equipamentos. Essa atualização contínua nos ajuda a orçar com mais precisão e a prever variações antes mesmo de fechar os contratos.
Em relação à mão de obra, o único reajuste padrão que aplicamos é o previsto em convenção coletiva, ou seja, o dissídio anual. Esse reajuste costuma ocorrer no início do ano, e eventuais atualizações ao longo do período contratual são tratadas apenas em situações excepcionais.
Evitamos aplicar cláusulas automáticas de correção nos contratos, pois elas podem gerar valores excessivamente altos para o cliente ou, em sentido oposto, comprometer nossa margem e gerar prejuízos. Em vez disso, optamos por uma postura de transparência e negociação contínua.
Sempre que houver a necessidade de reajustar valores ao longo da execução do serviço, enviamos ao cliente uma proposta formal de aditivo contratual, contendo todos os detalhes e justificativas da alteração. Essa abordagem mantém o equilíbrio financeiro do contrato, reforça a confiança com o cliente e viabiliza acordos sustentáveis para ambas as partes.
5. Há soluções de projeto que ajudam a reduzir a exposição à inflação, como modularidade ou uso de tecnologias mais duráveis?
Em contratos de longo prazo, a atenção ao escopo de serviço é fundamental para a gestão eficiente dos riscos e custos. O primeiro passo é compreender detalhadamente os quantitativos e as necessidades do cliente: qual é exatamente o escopo do serviço, e se o fornecimento será restrito à mão de obra ou se incluirá também o fornecimento dos materiais.
Quando a responsabilidade se restringe à mão de obra, o risco é menor, pois a empresa tem maior controle sobre seus custos e consegue estimar com precisão o que será necessário para executar o serviço. Nesse cenário, o planejamento financeiro e operacional é mais confiável, pois os custos são conhecidos e relativamente estáveis.
Por outro lado, quando o contrato exige que o fornecedor também forneça os materiais, o grau de complexidade e o risco aumentam significativamente. Isso porque a empresa não produz esses materiais internamente, dependendo de terceiros, cujos preços podem variar consideravelmente. Fornecedores distintos aplicam taxas de reajustes diferentes, o que dificulta a previsão exata dos custos.
Diante dessa situação, é imprescindível que, antes da assinatura do contrato, o cliente seja informado claramente sobre a possibilidade de variações nos custos dos materiais durante a vigência do contrato. Para gerenciar esses ajustes, pode-se recorrer a índices oficiais, como o INCC, para balizar os reajustes, ainda que esse método não seja o ideal — pois não necessariamente reflete as variações reais praticadas pelos fornecedores.
Assim, em contratos de longa duração, é essencial:
- Avaliar os custos reais com precisão;
- Compreender plenamente o escopo do serviço;
- Negociar abertamente com o cliente sobre as responsabilidades relativas ao fornecimento de materiais.
Sempre que possível, recomenda-se que o cliente forneça os materiais, reduzindo o risco para o prestador de serviços. Caso contrário, deve-se estabelecer, desde o início, que podem ser necessários aditivos contratuais para adequar os valores conforme oscilações de mercado, garantindo transparência e equilíbrio para ambas as partes ao longo da execução.
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NOVIDADES ALPCON
Somos comprometidos. Encaramos os desafios com criatividade, superamos obstáculos com excelência e mostramos, todos os dias, que temos preparo e coragem para ir além.
Com metodologia exclusiva, nova turma NR35 completa formação no CT Alpcon.
Com alegria e orgulho, anunciamos que mais uma turma do Curso NR35 – Trabalho em Altura (básico) foi formada com sucesso no Centro de Treinamento Alpcon!
Com carga horária de 8 horas e uma dinâmica de aula única no mercado, nossa metodologia alia teoria e prática com foco total na realidade do trabalho em altura. Aqui, cada aluno é desafiado, orientado e preparado para atuar com segurança, consciência e responsabilidade.
Essa conquista é reflexo do empenho de toda a equipe do CT Alpcon — instrutores, coordenação e administrativo — que trabalham com excelência para garantir um ambiente de aprendizado transformador, onde cada detalhe importa e cada pessoa conta.
Parabéns aos novos formandos!
Inauguramos a nova loja Alpcon!
A loja Alpcon está totalmente repaginada para oferecer ao mercado o que há de mais atual em tecnologia para o trabalho em altura.
Localizada dentro do nosso Centro de Treinamento Alpcon, a nova loja reúne equipamentos de ponta, lançamentos do setor, além de um atendimento técnico especializado, feito por quem realmente conhece o campo e entende sua necessidade.
Cada produto, cada orientação, cada solução foi pensada para garantir segurança, desempenho e confiança em cada etapa do seu trabalho.
- Venha conhecer.
- Equipe técnica à disposição.
- Inovações que fazem a diferença, na prática.
Loja Alpcon. Tecnologia em altura com quem entende.
Mais uma turma formada com excelência pela ANEAC!
Encerramos mais um ciclo de formação profissional com orgulho e reconhecimento. Após uma semana intensa de treinamentos teóricos e práticos, mais uma turma de Alpinismo Industrial foi formada pela ANEAC, em parceria com nosso Centro de Treinamento Alpcon.
Além das aulas técnicas e vivências em campo, muitos alunos optaram por se hospedar em nosso alojamento, o que otimizou o tempo de deslocamento e possibilitou momentos de descanso, foco e aprofundamento nos estudos, especialmente na leitura da apostila e nas trocas entre colegas.
Cada turma formada é mais do que um certificado entregue — é um passo a mais na qualificação do setor, na valorização da segurança e no compromisso com a excelência profissional.
Parabéns aos formandos e à equipe envolvida! Seguimos formando com responsabilidade e orgulho.
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INSIGHTS MAKENOISE ESG
Inflação e Sustentabilidade.
A inflação é, à primeira vista, uma variável econômica. Mas, quando analisada em sua plenitude, revela-se também um teste ético e um desafio civilizatório. Em contextos de pressão sobre custos e margens operacionais, manter compromissos ambientais, sociais e de governança se transforma em um sinal claro de maturidade institucional — e de cidadania planetária.
Quando a sustentabilidade é autêntica, ela não é suspensa em tempos difíceis. Pelo contrário: é nesses momentos que o compromisso com os princípios ESG (Environmental, Social and Governance) mostra sua consistência. Não se trata de retórica, mas de coerência entre discurso e prática — mesmo sob estresse financeiro.
Materiais duráveis e escolhas responsáveis: o custo do agora versus o custo do amanhã.
Empresas verdadeiramente comprometidas com a sustentabilidade não optam apenas pelo que é mais barato, mas pelo que é mais inteligente no longo prazo. Isso inclui, por exemplo, a escolha de materiais mais duráveis, certificados e de menor impacto ambiental.
Mesmo quando o custo inicial parece superior, o ciclo de vida ampliado desses insumos reduz a necessidade de reposições frequentes, diminui a geração de resíduos e melhora o desempenho geral das operações. Essa decisão, além de técnica, é também estratégica e ética: revela a disposição da empresa em equilibrar viabilidade financeira com responsabilidade ecológica.
Treinamentos como compromisso permanente com a segurança e o meio ambiente.
A primeira área a sofrer cortes em períodos de crise, em muitas organizações, é a capacitação. No entanto, nas empresas que operam com responsabilidade ESG, os treinamentos obrigatórios e atualizados são inegociáveis — especialmente aqueles voltados à segurança do trabalho e à conformidade socioambiental.
A manutenção desses treinamentos — mesmo em momentos de aperto financeiro — demonstra o entendimento de que a vida humana e o cuidado com o planeta são valores estruturantes, e não periféricos. Significa garantir que os profissionais que operam nas alturas saibam exatamente como proteger a si, seus colegas e os ambientes em que atuam, mesmo sob pressão.
Governança: ética e clareza na condução das renegociações.
Momentos inflacionários frequentemente exigem renegociações contratuais, o que pode se tornar um terreno fértil para conflitos ou rupturas. No entanto, empresas guiadas por boas práticas de governança adotam uma postura diferente: atuam com transparência, escuta ativa e respeito mútuo.
Isso se traduz em processos formais de revisão, comunicação clara com os contratantes, documentação técnica de apoio às solicitações e — sobretudo — abertura para encontrar soluções que protejam a integridade do contrato sem comprometer os valores que o sustentam.
A ética, nesse caso, não é apenas um princípio abstrato, mas um componente essencial da sustentabilidade corporativa.
Um eixo ético bem ancorado.
Trabalhar nas alturas exige equilíbrio. Mas esse equilíbrio não é apenas físico. Ele depende de um eixo ético bem ancorado, capaz de orientar decisões técnicas e comerciais mesmo diante da instabilidade econômica.
Empresas que levam ESG a sério compreendem que cada escolha operacional — do tipo de corda ao fornecedor de EPIs, da planilha de custos ao modelo de governança — tem impacto real sobre as pessoas, as comunidades e os ecossistemas. E é essa consciência que transforma a prática empresarial em um ato de cidadania planetária.
Quando a sustentabilidade resiste à inflação, ela deixa de ser discurso e passa a ser cultura. Uma cultura que protege vidas, gera confiança e constrói futuro — mesmo em tempos de tempestade.