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Allan Yzumizawa uma entrevista com um jovem curador

Introdução

Allan Yzumizawa é um artista formado em artes visuais que se destaca no cenário artístico contemporâneo do Brasil. Sua carreira começou em 2012 e desde então ele tem explorado as manifestações culturais regionais do país em relação às teorias pós-coloniais. Sua identidade híbrida, como descendente de japoneses e brasileiros, é uma fonte significativa de inspiração para sua arte. Ele adota uma abordagem poética em suas obras, cuidadosamente coreografadas em exposições que transformam os espaços em experiências únicas. Abaixo teremos uma entrevista com o artista contando com mais profundidade as suas experincias.

Entrevista com Allan Yzumizawa

Quando você começou a trabalhar com arte e curadoria?

Meu primeiro trabalho como artista foi um festival de cultura em 2012, um “sarau de guerrilha”. Após isso, minha primeira experiência com curadoria foi quando virei auxiliar de artista e trabalhei na área educacional do museu em 2014.

Quais elementos te servem de inspiração ao criar uma obra?

Eu acredito em focar em questões culturais. Hoje em dia tenho repertório de filmes, livros e a própria teoria em si. De descendência japonesa, a identidade nativa híbrida (Japonês x Brasileiro) é um elemento importante.

Como são incorporados elementos de iluminação, organização e apresentação no seu processo curatorial?

É um processo poético, compreender a obra sempre será essencial para a composição do set específico.

Um projeto mudou sua jornada para você?

Último ano da graduação, trabalhei na “Casa Torta” em Campinas (espaço com proposta de acolhimento e exposição artística, o nome vem da arquitetura irregular da casa e o do fato de que os residentes assavam uma torta e dividiram durante as exibições)2019 trabalhei na exposição Corpos da água vermelha (*João de Camargo*)

A sua produção dialoga com a política social e ambiental, como e porque?

O trabalho curatorial é sempre político, mesmo que não conscientemente. Meu mestrado e que a curadoria constrói o acordo sensível de uma sociedade, sua compreensão do belo e de seus valores.

O que você busca transmitir com suas obras e produções?

Realizando a curadoria de obras, estamos dando visibilidade a elas. Compor um arranjo para cada exibição é uma experiência única de diálogo com o artista e sua arte.

Existe alguém no mercado artístico que seja uma inspiração?

Rosana Paulino, como professora, mentora e profissional de arte e Elio Minesi, como curador.

Qual a próxima etapa em sua carreira no campo das artes?

Eu estou começando o doutorado e pretendo me especializar na área teórica e de pesquisa acadêmica. Tenho como ponto de interesse identidades híbridas. Foco em meu doutorado na relação de imigrantes japoneses com a cultura cabocla, e em desconstruir a ideia orientalista sobre a arte do leste asiático. Vai acompanhar uma residência por 7 dias

Você acredita que os jovens ainda apresentam apreço pela arte?

Sim, vejo um grande movimento das novas gerações em frequentar e atender autonomamente a museus e exposições. Muito por questão das cotas e de iniciativas focadas na arte e educação, percebe-se que as pessoas têm uma melhor auto estima com suas identidades e origens.

Conclusão

Allan Yzumizawa, um talentoso artista com uma identidade híbrida que mescla suas raízes japonesas e brasileiras, ilustra o potencial da arte como uma plataforma para explorar as complexidades culturais e promover a diversidade. Sua abordagem poética na seleção de materiais e formas, combinada com a meticulosa coreografia de suas exposições, cria experiências únicas que capturam a imaginação do público, transportando-o para seu mundo artístico singular.

Nesse contexto, a Bienal de São Paulo, um evento internacional de arte contemporânea de renome, se apresenta como um reflexo da diversidade e da intersecção de culturas e identidades. A Bienal serve como um espaço onde a criatividade e a inovação se encontram, exatamente como a "Casa Torta" de Allan em Campinas, proporcionando uma plataforma não apenas para a arte, mas também para o diálogo comunitário.

Allan não apenas cria belas obras de arte, mas também assume um papel ativo no compromisso com questões sociais e ambientais, reconhecendo o caráter intrinsecamente político da curadoria de obras. Através de sua arte, ele dá voz a diferentes identidades e narrativas, abrindo caminhos para uma compreensão mais profunda e empática das complexidades culturais.

Sua mentora, Rosana Paulino, é um exemplo do papel vital que líderes no campo da arte desempenham no apoio e orientação de artistas emergentes. A influência dessas figuras inspiradoras ajuda a nutrir o potencial criativo de novos talentos, contribuindo para a vitalidade contínua do cenário artístico.

Allan Yzumizawa também vislumbra um futuro no qual desafiar estereótipos, descobrir narrativas subalternas e explorar a riqueza das identidades híbridas são os temas centrais de sua obra. Sua busca por um doutorado e seu compromisso com a inclusão e a educação artística entre as gerações mais jovens indicam um comprometimento contínuo com a evolução do cenário artístico e a promoção da diversidade.

Assim, Allan Yzumizawa não apenas é uma inspiração na esfera artística, mas também personifica a missão da Bienal de São Paulo em unir culturas e identidades, revelando a capacidade da arte de transcender fronteiras e inspirar questionamentos profundos. A Bienal, com sua exposição de artistas diversificados, reflete e amplifica o poder duradouro da arte em promover um mundo mais inclusivo e enriquecedor, onde a diversidade cultural é celebrada e as complexidades culturais são exploradas.