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O Imortal Um Clube Centenário

Apresentação

O Imortal Desportivo Clube contribuiu para a formação desportiva e para a promoção de valores éticos de grande parte da juventude concelhia durante décadas, constituindo um legado que não pode ser esquecido, nem relegado para segundo plano. Desde o futebol, basquetebol, atletismo, voleibol, hóquei em patins, natação, pesca desportiva, ginástica, ténis de mesa, entre outras modalidades, muitos foram os jovens que vestiram a camisola do clube, defenderam o seu nome e emblema no decurso de décadas. E alguns dos jogadores do clube sagraram-se campeões nacionais e internacionais em várias modalidades. Outros campeões correram pelo clube imortalizando-o na nossa memória coletiva. A vertente cultural integrou, igualmente, os objetivos clubísticos e na década de 40 do século passado já possuía uma biblioteca.

O Imortal Desportivo Clube é motivo de orgulho para todos os albufeirenses e para a cidade de Albufeira através de mais de 100 anos de história, onde residem dias de glória, êxitos, sucessos, derrotas, novos desafios, crises e problemas superados.

A presente exposição dá a conhecer os principais factos e os protagonistas do clube e, é também, uma homenagem a todos os que integraram o IDC enquanto atletas, treinadores e dirigentes.

Vivemos numa época em que urge valorizar os símbolos da nossa identidade, a presente exposição direciona-se, pois, nesse sentido.

As origens do Imortal

O Infantil Futebol Clube começou pela mão de um conjunto de jovens albufeirenses, tendo sido fundado a 24 de junho de 1920. O clube passa a chamar-se Imortal Futebol Clube, no ano de 1922 e adota a designação de Imortal Desportivo Clube, a 14 de novembro de 1932. Cumprindo-se assim o grande objetivo de promover a educação física dos seus associados em diversas modalidades e, em especial, a prática dos desportos ao ar livre.

Os fundadores do Infantil Futebol Clube, 1920. Col. Maria Teresa Bila Nicolau dos Santos Cabrita Correia
Jogador do Imortal. Col. Maria Teresa Bila Nicolau dos Santos Cabrita Correia
Antes do jogo. Col. Maria Teresa Bila Nicolau dos Santos Cabrita Correia
Clara Bila, irmã de José Bila, a dar o pontapé de saída de um jogo em São Bartolomeu de Messines entre a equipa local e o Imortal FC, realizado em 15 de Outubro de 1928. Col. Maria Teresa Bila Nicolau dos Santos Cabrita Correia

O nome

A designação de “Imortal” foi atribuída por Francisco Cabrita Neves, um dos fundadores do clube que aos quinze anos de idade manifestou o desejo de fazer perdurar o clube eternamente.

A insígnia

A insígnia é marcada pelas cores branca e vermelha, ao centro apresenta uma ampulheta que significa longevidade, eternidade, esperança e superação. A ampulheta encontra-se ladeada por um cordão vermelho que outrora seria dourado. Na parte superior destaca-se o nome Imortal, na inferior a data da fundação e os dizeres: D. Clube.

A bandeira. Foto: Arquivo da Câmara Municipal de Albufeira

Os Estatutos do Clube

A primeira versão dos Estatutos data de 1922, conforme se pode ler nas atas do Imortal Futebol Clube. Mas, tendo sido reconhecida na sua redação algumas lacunas, foram aprovados novos estatutos em dezembro de 1923. Para o efeito, foi decidido em Assembleia Geral de 2 de novembro de 1922 nomear uma comissão para reformular o documento. Refira-se que existem nestes Estatutos uma série de quesitos que nada têm a ver com os dias de hoje, nomeadamente, a obrigação que os jogadores tinham de serem sócios do clube para puderem jogar. Tudo era feito com muito amadorismo e pelo puro prazer de jogar.

Em Assembleia-Geral Extraordinária de 14 de novembro de 1932 foi decidido elaborar nova versão dos estatutos, surgindo a 19 de abril de 1933 o novo documento. Para além dos fundadores do clube subscrevem o histórico manifesto Álvaro Mateus Valeroso, António dos Santos Labisa, Francisco Dionísio Gonçalves, Manuel de Jesus, Artur Rodrigues Alferes, Manuel Gonçalves Madeira, Jacinto Rodrigues e Luís Coelho Santos.

Primeira página dos Estatutos do Imortal Desportivo Clube, 1933
Última página dos Estatutos do Imortal Desportivo Club, 1933
Aurélio Cabrita Martins, Presidente da Assembleia Geral do Imortal Desportivo Clube em 1941

As Sedes

Na década de 30 do século passado, a sede do Imortal foi instalada num edifício localizado na Rua dos Sinos face à exiguidade das anteriores instalações, situadas no primeiro andar de um prédio na Praça Miguel Bombarda.

Localização do prédio do IDC, onde funcionava a Sede/ com apresentação de planta topográfica, 1933. Arquivo do Imortal
Fachada Principal da Sede, 1933
Edifício onde funcionou a sede do Imortal, Rua dos Sinos

Porém, com a construção do Estádio Municipal Imortal Desportivo Clube e do recinto desportivo a sede do clube instala-se no novo equipamento.

A Sala dos Troféus na nova Sede do Clube. Foto: CMA
A Sala de Troféus na nova Sede do Clube. Foto: CMA

Os Campos de Futebol e o Estádio

A construção de um campo para a prática do futebol foi um objetivo que perseguiu dirigentes e jogadores desde o primeiro momento em que se jogou futebol na, então, vila de Albufeira.

Os primeiros jogos de futebol decorriam na Várzea da Orada. O campo aqui instalado não oferecia condições à prática da modalidade, nem aos treinos aí realizados. No ano de 1925, um dos sócios referia:

era preciso uma grande força de vontade, um grande amor pela causa e um desprendimento absoluto pela própria saúde pois que o futebol nestas condições servia não como revigoramento físico mas sim como definhamento da raça”

Outro campo localizava-se junto à Praia dos Pescadores, o chamado “Campo do Ribeiro”, o mar servia de balneário.

No ano de 1960, foi inaugurado o Campo do Cerro da Alagoa, construído pela Câmara de Albufeira e, posteriormente, cedido à FNAT, atual INATEL.

Porém, permanecia a necessidade de um recinto desportivo digno para a prática da modalidade e com características específicas. O Campo da Palmeira seria construído para o fim em vista. Aí decorreram os jogos do clube, entre os anos 70 e meados da década de 90.

O Estádio Municipal de Albufeira Imortal Desportivo Clube, localizado na Rua do Estádio, só víria a ser inaugurado no ano de 1996, com um desafio entre o Imortal e o Farense.

Do equipamento desportivo consta o campo de relvado natural, pista de atletismo, inaugurada em 2005 e dois campos de futebol sintéticos, datados de 2007. O estádio dispõe de uma lotação de 3 500 lugares sentados, sendo a parte central da bancada dos espetadores coberta. Aí são praticadas várias modalidades desportivas, nomeadamente, futebol e atletismo e, ainda, serve de palco para inúmeros eventos desportivos e espetáculos ao ar livre.

A equipa de futebol no Campo do Ribeiro, nas imediações da Praia dos Pescadores, 1948. Foto: Victor de Sousa
Campo de futebol e pista de atletismo do Estádio Municipal Imortal Desportivo Clube. Foto: Arquivo CMA

De Campo de Basquetebol a Pavilhão

A 5 de dezembro de 1938, ocorreu a compra de um terreno com 747m2, onde o Imortal Desportivo Clube víria a construir o Campo de Basquetebol, no Cerro da Piedade, atual Avenida do Ténis. O negócio foi conduzido pelo então presidente do clube, António dos Santos Labisa Júnior.

Os jogos decorriam no novo campo em terra batida e sem balneários, que ainda, não reunia as condições necessárias para a prática das diversas modalidades.

No ano de 1967, o clube desejava construir novas instalações para a prática do basquetebol, hóquei em patins, futebol de salão, voleibol, patinagem e ginástica num recinto coberto e polivalente.

O pavilhão foi construído tendo sido inaugurado em 1979. Entre 2012 e 2014, foi sujeito a obras de requalificação e de beneficiação, adquirindo a designação de Pavilhão Francisco Neves, um dos fundadores e dirigente do Imortal. Atualmente, possui instalações para a prática de basquetebol e bancadas para mais de 1000 espetadores.

Trabalhos de manutenção do Campo de Basquetebol. Foto: Vitor de Sousa
Campo de Basquetebol no início da década de 70. Foto Vítor de Sousa
Jogo entre o Imortal e o Farense, no antigo Pavilhão do Imortal, década de 70, col. Francisco Estevam
Antigo Pavilhão do Imortal. Foto: Paulo Norberto
Pavilhão com cobertura, Boletim Municipal, 1992, CMA

Futebol

O futebol foi a primeira modalidade a ser incrementada, realizando-se o primeiro jogo oficial no ano de 1922. Em 1923, o Imortal Futebol Clube realizou dez encontros, sendo que dois destes jogos decorreram com o segundo team. Foi, também, naquele ano que pela primeira vez o Clube se filiou na Associação de Futebol do Algarve, cuja inscrição ocorreu em dezembro, por forma a participar no Campeonato do Algarve. No Campeonato de 1929/30, o Imortal Futebol Clube participa pela última vez e só regressará ao mesmo décadas depois. Continua a jogar mas em jogos não oficiais.

Documento do Arquivo do Imortal que comprova a filiação do clube na Associação de Futebol do Algarve em 1923
Cartão de um dos sócios mais antigos - João Cruz

A 2 de abril de 1930, o jornal “O Sul Desportivo” divulgava o resultado do jogo, em Albufeira, entre o Silves Futebol Clube e o Imortal em que a equipa visitante ganhou a partida por 4-1. E publicava:

O jogo que decorreu algumas vezes equilibrado e outras vezes com um leve domínio do Silves, teve algumas fases boas de se ver. O grupo visitante tentou inúmeras vezes impor-se. A pouca sorte que o acompanhou, aliada ao mau jogo de alguns jogadores do Imortal que se encontravam em manifesta infelicidade, não lhes permitiu marcar mais que um ponto. Tiveram boas oportunidades para o conseguir, furadas sempre, umas vezes pelas entradas a tempo dos jogadores de Silves, outras por falta de serenidade incompreensível. Apesar de tudo o Imortal algumas vezes assediou com valentia o campo adversário mercê do trabalho do médio-centro que se trabalhar com alma será em pouco tempo um dos melhores jogadores algarvios.”

Depois de afastada das competições oficiais, a modalidade de futebol regressa ao clube a 22 de julho de 1968, numa iniciativa de Pedro Machado, João Veiga e Álvaro Santinho, que se comprometem a desenvolver a prática do futebol com o apoio e colaboração da direção do Imortal.

Notícias de Albufeira, 11 de agosto de 1968

O Imortal foi campeão nacional da 2ª divisão B na época de 1998/99, tendo as seguintes participações: na 2ª Liga em 1999/2000 e 2000/2001; 2ª divisão – série D, em 2005/2006 e em 2006/2007; 3º divisão - série F, em 1985/1986, 1986/87, 1987/88, 1988/89, 1989/90, 1990/1991, 1992/1993, 1993/1994,1994/95, 1995/1996, 2003/2004, 2004/2005 e 2007/2008. Na 1ª divisão – Algarve jogou nas épocas: 2009/2010, 2010/2011, 2011/ 2012, 2012/2013, 2013/2014, 2014/2015, 2015/2016, 2016/2017, 2017/2018, 2018/2019, 2019/2020 e 2020/2021. Na 2ª divisão B – Zona Sul participou em jogos nas de 1991/1992, 1996/1997, 1997/98, 1998/1999, 2001/2002 e 2002/2003 e na 2ª divisão – Algarve participa em 2008/2009.

Dos jogadores formados no clube destacam-se Pedro Monteiro (Pelé), jogou na Premier League (Inglaterra), Miguel Serôdio que víria a integrar o Farense, Salamanca e Boavista, Carlos Alberto (Calita) que jogou no Coventry, tendo sido o primeiro jogador português a ser contratado por uma equipa da Premier League, Tó Manel, Bruno Xavier, Rui Trigo, Hernâni Baptista e Carlos Barreto. Ainda em atividade, evidencia-se o guarda-redes André Paulo campeão do Sporting. Leandro Pimenta foi internacional pelas seleções jovens nacionais e Tiago Ilori que integrou equipas como o Liverpool e Aston Villa (Premier Legue) e o Bordéus ( Liga Francesa) entre outras.

Na época desportiva 2019/20, contou com mais de 300 atletas inscritos no futebol, distribuídos por 16 equipas, o que constitui um recorde no historial do clube.

Plantel da época de 1985/86
Campeões do Algarve/ Infantis -2ª divisão época de 1989/90. Foto: José B. C. Correia
Plantel em 90/91. Foto: Rui Trigo
A equipa de futebol, 91/92. Foto de Rui Trigo
Os jogadores da época de 1992/93. Em cima: Jorge Fernandes, Levita, Eduardo, Calita, Rui Trigo, Paulo Andrade e Pereirinha. Em baixo: Nabais, Vitor Mantas, Dani e António Mantas. Foto: Rui Trigo
O plantel em 1993/94. Foto de Rui Trigo
Jornal Avezinha de 3 de junho de 1999
Camada Jovens, 2006. Foto: CMA
Camada Jovens, 2006. Foto: CMA
Plantel dos juvenis 2014/2015. Foto: Artur Cabrita

A Claque

A claque do clube “ Raça Vermelha”foi constituída em 1995/96, por um grupo de jovens albufeirenses, alunos da Escola Secundária, dos quais se destacam Rui Miguel Correia, Bruno Cabrita e Ricardo Bailote que enalteciam o clube. Os adolescentes rejubilavam com os jogos da equipa de basquetebol reforçada, na época pelo melhor jogador a envergar a camisola do Imortal, o brasileiro Fábio Ribeiro. Este veio juntar-se a um núcleo de grande qualidade composto por Paulo Sérgio, Paulo Almeida, Armando Mota, Chico Oliveira, Miguel Clemente, Luís Modesto, entre outros.

A este propósito o líder da claque Rui Correia refere:

Continuamos com a energia da década de noventa, apenas, tal como a Raça, com mais 27 anos de idade e com mais Raça Kid’s à nossa volta, pois hoje, somos quarentões, chefes de família, com as nossas vidas minimamente orientadas e tal como sucedeu connosco, estamos a passar o amor ao clube para os nossos filhos e sobrinhos, mostrando em todo o lado onde vamos acompanhando o Imortal, o puro amor ao clube da terra, numa convivência sã e onde até hoje nunca criamos inimizades nem criamos confusão. Somos o verdadeiro exemplo de Fair Play. Olhamos para trás e orgulhosamente recordamos viagens, vitórias, títulos e algumas minis, e jamais esqueceremos derrotas, lágrimas e muitas quedas. Somos Raçudos e Imortais com muito, mas muito orgulho! ”
Símbolo original e atual da Claque “ Raça Vermelha”
Convívio da Claque. Foto: Rui Correia
Homenagem da Claque a “ Zé do Boné” no ano de 2005, treinador Campeão do Algarve em 1989/90. Foto: Rui Correia
Joaquim Cruz, Roberto Cruz e Rui Correia na homenagem a João Cruz sócio do IDC. Foto: Nuno Alfarrobinha

Basquetebol

António dos Santos Labisa foi o grande impulsionador da modalidade de basquetebol. Foi treinador daquela prática desportiva durante três décadas, dirigente da referida secção e presidente do clube. O clube nesta modalidade consagrou-se campeão regional por duas épocas consecutivas, 1934/35 e 1935/36, integravam a equipa Hilário Prado, Plácido Gonçalves, Isidro Martins, Zé Lúcio, Manuel Rodrigues Viola, José Casimiro Martins, Chico Bastardinho, José Paulo Santos, José Clemente da Silva, José Nascimento Júnior, Constantino Nobre.

A equipa e o treinador António Labisa. Foto: Vitor de Sousa
A equipa de basquete com a bandeira do clube no antigo campo de jogos, antes da construção do pavilhão Foto: Vitor de Sousa
Jogadores de basquete, anos 30, col. Francisco Estevam
Alguns dos jogadores da equipa nos anos 30, col. Francisco Estevam
A equipa de basquetebol do Imortal em 1939 – Francisco Paulo Bastardinho. Foto de Vitor de Sousa
A equipa de basquete e António Labisa, col. Francisco Estevam
A Equipa de Basquetebol. Foto: Vitor de Sousa
Equipa de basquetebol, anos 40 do séc. XX, col. de Jorge Ferreira
Equipa de basquete, anos 50 do séc. XX, col. Jorge Ferreira
A equipa de basquetebol, Foto: Vitor de Sousa
Jogo de basquetebol, no local da construção do pavilhão, Avenida do Ténis. Foto de Vitor de Sousa
Jogo no Campo de Jogos de Albufeira, década de 50, col. Francisco Estevam
Joaquim Bastardinho, década de 50, col. Francisco Estevam
Jogo de basquetebol, col. Francisco Estevam
Artur Conceição, jogador de basquete, anos 50, col. Francisco Estevam
Jogo de basquete na década de 70, foto: Rui Correia
A primeira equipa de basquetebol feminina com o treinador Tito Real, meados da década de 70. Destacam-se em cima Ana Cristina Pinto e em baixo Ana Paula Azinheira. Foto: Ana Cristina Pinto

No ano de 1979, muita expetativa rodeou as quatro linhas do Pavilhão de Albufeira aquando do jogo entre o Imortal e Benfica. A adesão do público foi grande, tendo sido praticado um basquetebol de bom nível, por parte da ambas as equipas. No início e depois de um período de um certo equilíbrio, os albufeirenses liderados por Tito Real, e com o apoio extraordinário do 6º jogador redobraram os seus esforços, e a dois minutos do fim a vitória foi conseguida. Quando soou o apito final a dar o encontro por terminado:

Foi uma autêntica loucura dentro e fora das quatro linhas do pavilhão, quando o Imortal regressou ao recinto para agradecer ao seu público todo o apoio que lhe fora dado este retribuiu à equipa uma estrondosa salva de palmas. Também o Benfica ao despedir-se do público ouviu uma grande salva de palmas como reconhecimento do seu valor.”

Na Assembleia Geral do Clube realizada a 31 de janeiro de 1984, foi proposto pela direção um voto de louvor à equipa de basquetebol e seus seccionistas, por ter conquistado o Campeonato Nacional da 3ª Divisão na época passada. Mas será sob orientação do Professor João Felizardo, que o ICD se sagraria campeão nacional da 2ª divisão na época de 1984/85 ganhando grande destaque na modalidade e integrando pela primeira vez os melhores do basquetebol nacional.

No início do ano de 1989, o Imortal encontra-se posicionado entre as seis melhores equipas nacionais, conforme noticiam os periódicos da época. Paulo Almeida é visto “como um jogador que proporciona excelentes exibições”. Jogadores como Derrick, Batista, Howard, Fonseca, Caria, Pires, Paulo Sérgio, Francisco Oliveira, Armando Mota e Fernando Carlos asseguram a manutenção da equipa na I divisão.

No Campeonato Nacional de Basquete a equipa do Imortal consagrou-se campeã nos campeonatos de 1995/96, 1998/1999 e 2005/2006. Estes foram dos períodos mais ricos da modalidade em que a técnica e a sorte marcaram muitos pontos.

A equipa de basquete de juniores no início dos anos 80. Em cima: Tito, Rui, Jó, João Carlos e Miguel Ângelo. Em baixo: Camarinha, Rui Ferreira, Jorge Miguel e Fradinho. Foto: Arquivo do Imortal.
Equipa campeã nacional da 2ª divisão, 1984/85, foto: Carlos Amorim
O jogador Francisco Oliveira em destaque. Foto: Francisco Oliveira.
Jornal Zona Sul de 29 de abril de 1999
Entre 1976 e 2006, Amândio Amorim foi uma figura incontornável da modalidade de basquetebol, não só do concelho de Albufeira, mas também da região do Algarve
O Imortal é Campeão Nacional da Iª Divisão na Época de 1995/96. Da equipa vencedora destacam-se jogadores como Paulo Sérgio, Nuno Penisga, Francisco Oliveira, Hélder Soares, Armando Mota, Miguel Clemente, Luís Modesto. Foto: Jorge Ferreira

Recorde-se os jogadores estrangeiros que passaram pelo Imortal, na sua maioria americanos como Jeffery Welshaus (82/83), Raymond Dempsey (83/84), Howars Mcneil e Derrick Howell (88/89), Herman Webster e Forrest Mackenzie (89/90), Mergin Sina e Brian Nolan (90/91), Mcglover e Curtis Middleton (91/92), Stephen Downey e Charles Veterano (92/93), Alonzo Mitchell e Jack Skipper (93/94), Greg Chambers (92 a 94) e David Kruse (98/99) entre muitos outros. Mas, também, jogadores brasileiros integraram a modalidade como Adilson, Ricardão e Fábio Ribeiro. E brilharam na história do clube os portugueses: Paulo Sérgio, Paulo Almeida, Miguel Clemente, Luís Modesto Francisco Oliveira e Armando Mota.

Da formação do Imortal destacam-se gerações de atletas como Francisco Guerra, Tó Manel, Dinis Ataíde, Zé Paulo, Carlos Amorim, Jorge Ferreira, Paulo Jorge, Luís Modesto, Hélder Soares, Nuno Penisga, Tiago Monteiro, João Lázaro, Miguel Clemente, António e João Palmeira entre muitos outros. Tomás Barroso e Rui Quintino passaram do Imortal para a liga profissional.

Jornal Zona Sul de 30 de maio de 1995

Hóquei em patins

As vitórias de Portugal nos Campeonatos Mundiais de 1947 e de 1948 despertaram o interesse da comunidade albufeirense para o hóquei em patins, tendo passado a modalidade a ser considerada o desporto nacional.

Hélder de Sousa foi o grande promotor, atleta e treinador da modalidade no Imortal, fundada no final da década de 40. Nasceu em Albufeira a 19 de fevereiro de 1935, mostrou desde cedo grande apetência para a patinagem, sendo que rapidamente a patinagem deu lugar ao hóquei. Hélder de Sousa viria, também, a integrar a equipa do Sporting Clube de Portugal em 1956.

Em 1956, o Clube Atlético de Campo de Ourique, campeão de Portugal em 1954, num jogo de hóquei contra o Imortal Desportivo Clube, AHM
Cartazes Cine-Pax com Jogos Hóquei em destaque, Arquivo histórico de Albufeira
A equipa de hóquei em patins. Foto: Vitor de Sousa
Jogo informal de hóquei em patins. Foto: Vitor de Sousa
Jogo disputado na rua frente ao cinema, foto de Vitor de Sousa
Jogo disputado na rua frente ao cinema, foto de Vitor de Sousa
A equipa de hóquei em patins. Foto: Vitor de Sousa
Edite Cruz, campeã de patinagem artística e a equipa. Foto: Vitor de Sousa
Patinadoras e jogador de hóquei. Foto: Vitor de Sousa
Antes do jogo. Foto: Vitor de Sousa
Equipa de Hóquei em patins, em pé, 2º José Manuel Piçarra e 4º Francisco Guerreiro Estevam, 1ª fila António da Encarnação (Mata-Ratos), 2º José João Cardoso, 3º Vitor de Sousa, 4º Artur da Conceição, 5 Hélder de Sousa. Foto: Francisco Guerreiro Estevam
Homenagem aos jogadores de Hóquei do Imortal, em baixo Eugénio, Vitor de Sousa, Artur Frutuoso e Moura, década de 60. Foto: Vitor de Sousa
Equipa de juniores de hóquei em patins 1975/76 – campeões do Algarve. Em cima: Hélder de Sousa, Lelo Pinguim e Miguel Ângelo entre outros. Em baixo: Jorginho, Santana e Jorge Miguel entre outros cuja equipa. Foto de Jorge Ferreira

Atletismo

Em Albufeira, a 24 de junho de 1924, é comemorado o aniversário do clube com alvorada e corrida pedestre de 100m. A iniciativa serve para mostrar como o Imortal à data já seria um clube desportivo de âmbito generalista e, a 14 e 15 de setembro do mesmo ano voltam a repetir-se as corridas pedestres e as provas de estafetas (3 X 100m).

No ano de 1925, realizam-se provas corrida e de estafetas (3 X 100m). Vence a prova de corrida Francisco Sousa Ramos. Pela primeira vez as competições realizadas são de natureza inter- clubes. O Imortal competiu com o Onze Amigos de Lagoa e na corrida de estafetas classificou-se, igualmente, em primeiro lugar, sendo a equipa composta por Álvaro Mateus Valoroso, Manuel José Grade e Vasco Mateus.

A seção de atletismo irá conhecer um largo período sem grande foco mas irá brilhar na década de 80.

No ano de 1987, o Imortal de Albufeira contrata Carlos Lopes, o melhor atleta português de todos os tempos que encerrava uma ligação de quase 20 anos ao Sporting. O fundista, à beira dos 39 anos, resolveu continuar a correr, passando a representar o clube albufeirense. Para além de Carlos Lopes, corriam com a camisola do Imortal Ezequiel Canário (líder nacional dos 10 000 em 1987; campeão nacional de cross em 1988 e 1989), Rafael Marques, Lúcio Pereira, José Frias, José Mestre, Rui Correia, Gualdino Viegas entre outros, todos com bons registos nos rankings nacionais em pista nesses anos.

Carlos Lopes - uma das 10 figuras do ano de 1974 - irá integrar mais tarde a Seção de Atletismo do Imortal “ O Mundo Desportivo” de 8 de janeiro de 1975
Homenagem a Carlos Lopes em Albufeira, década de 80, séc. XX, col. de Rui Correia

Natação

A modalidade de natação surge no Imortal no início da sua vida clubística. E em julho de 1924 é nomeada uma Comissão para organização das festas desportivas organizadas pelo Imortal, comissão essa formada pelos sócios Vasco Mateus, Manuel José Grade, Mateus Gonçalves Gomes e Henrique Gomes Vieira. Desta festa desportiva que decorreu com brilhantismo para além das diferentes diversões, foram realizadas provas desportivas, das quais se destacam provas de natação no mar de 50 e 200m bruços e 400m estilo livre. Em setembro decorreram provas de natação, destacando-se nos 100m livres e classificando-se em primeiro lugar o sócio Armando dos Santos, nos 200m bruços a vitória coube a Francisco Sousa Ramos.

No ano de 1927, o Imortal participou no Campeonato de Natação do Algarve na capital de distrito nas provas de 200m bruços e 400m livres. O sócio Francisco de Sousa Ramos acabou por triunfar na primeira prova obtendo o honroso primeiro lugar.

Reabertura da modalidade de natação a 3 de junho de 1923. Arquivo do Imortal

A atividade cultural e recreativa

O Imortal Desportivo Clube para além da prática desportiva proporcionou durante décadas, uma intensa e animada atividade cultural e recreativa. Desenvolveu atividades de formação artística e cultural com Francisco Neves, diretor da seção de teatro, durante vários anos, e com António dos Santos Labisa, para além de encenador, também, foi ator. Récitas, declamação de poesia e jogos florais animavam a vida dos sócios do clube.

No campo recreativo organizava festas, quermesses e grandiosos bailes.

O Clube dispunha ainda de Biblioteca implementada na década de 40.

Conclusão

A história do Imortal Desportivo Clube nas suas diversas modalidades mostra a evolução do desporto em Albufeira, num notável percurso de mais de um século. Foram criadas e reforçadas as infraestruturas, assim como, a capacitação e formação dos vários agentes desportivos. Foi crescendo a profissionalização e o incremento da qualidade das modalidades. Alguns dos atletas das principais modalidades participaram em competições de âmbito internacional e muitos outros em competições nacionais e regionais. Mas nem todas as práticas desportivas implementadas tiveram continuidade, tendo algumas sido extintas quer por razões financeiras ou pela escassez de praticantes.

O Imortal encerra mais de cem anos de história, foi e é motivo de grande orgulho para os albufeirenses, atletas e dirigentes, tendo acolhido de forma magnífica a vertente desportiva na sua verdadeira essência.

Agradecimentos

Adolfo Miguel Gregório

Ana Cristina Pinto

Ana Paula Azinheiro

António Santos Ferreira

Armando Mota

Carlos Alberto Amorim

Carlos Alberto Baptista

Francisco Estevam

Francisco Oliveira

Hernâni Baptista

José António Bastardinho

José Cabrita

Jorge Ferreira

Paulo Sérgio

Pedro Monteiro

Rui Trigo

Rui Gregório

Rui Correia

Vitor Clemente

Vitor de Sousa

Otelo Cabrita

Fontes documentais e periódicos

Arquivo do Imortal Clube Desportivo

Arquivo Histórico Municipal de Albufeira, Livro de Atas da Câmara Municipal, 1920/1960

Arquivo Histórico Municipal, Cartazes de Espetáculos, 1945/1957

Boletim Municipal de Albufeira, 1984/2008

A Avezinha, 1922/2004

Diário de Notícias, 1930/72

Notícias de Albufeira, 1967

Os Sport, 1930/45

Panorama Desportivo, 1963/72

O Sul Desportivo, 1922

O Mundo Desportivo,1975

Ficha Técnica

Coordenação

Idalina Nobre

Investigação e textos

Idalina Nobre

Colaboração

João Paulo Pereira

João Sequeira

Matilde Pereira

Design Gráfico

João Sequeira